sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Capítulo 1 - De pular muros.

Ele nunca foi muito bom nesses lances de conquista. Preferia acreditar no poder de seu olhar, de seu sorriso.
Já havia se apaixonado várias vezes, assim como a paixão deve ser: repentina, passageira. Mas não a demonstrava, preferia se achar dono da situação. Quando percebia que era, soltava-se como um passarinho que encontra sua saída, como criança conhecendo um novo espaço. Talvez isso fosse sua dádiva.
Nunca invadia espaços, por mais aberto que esses espaços poderiam ser, escancarados para entrar. Preferia bater palmas e pedir licença. Ela fechava seus espaços. E fechava muito bem. Abria com um sorriso de brilhar o mundo. Mas na maioria das vezes fechava. Com sua cara amarrada, mas não era de nada.
Não eram parecidos. Nunca haviam se visto. Não nasceram um para o outro. Mas, como café e leite, sabiam se misturar muito bem.
Sair para rir foi o objetivo dele, quando sozinho foi ao teatro. Assistiu uma peça horrível, entendendo o segredo de por que havia ido sozinho ao teatro. A peça correspondeu à expectativa das pessoas. Era horrível. Mas lhe serviu. Foi o começo de uma relação, de uma vida nova que ele aprendeu sem que alguém quisesse tanto lhe ensinar. "hey, você não é atriz? Acho que ví uma peça tua!". Que genial. Aquele sorriso jamais se abriria num átimo de segundos. "Eu não!". Resposta genial.
Seu radar já devia a ter flagrado rápido. Gosta de aventura. Gosta do estranho, do diferente, do esquisito. Quer chocar a mesa de jantar. Conhecia alí, com uma pergunta inocente, uma pessoa muito sexy, que nenhuma poesia, piada, assunto sério conquistaria.
O beijo saiu naturalmente. Plantado, regado com cuidado e atenção, foi esperado para colher quando bem crescido.
Não interessa o que a pessoa com quem você está representa para os outros. Para ele, ela era um bebê. Um ursinho de pelúcia. Mas continuava sendo a porta fechada, fechada com um escudo de espantar qualquer um. Talvez ela tivesse seus motivos. Acreditava não precisar do amor falso de outras pessoas. Julgava coisas que não podia julgar. O amor não se julga por atitudes, pois qualquer mal sentimento pode vir com boas atitudes. E atitudes ruins podem ser de boas intenções. Mas ela preferia escolher muito bem antes de arriscar um novo amor.
Os dois, juntos, viveram amores a moda antiga. Mentiram, se apaixonaram várias vezes. Tiveram raivas. Cederam, sederam e se embedaram como ele jamais poderia saber. Ela ensinou. Ela sabia matar uma sede.

Era transcorridos Março de 97.

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