Tudo na vida dele andava bem. Não que andasse bem, mas o simples fato de haver uma estrada ara percorrer sem que se leve solavancos já basta para que tudo esteja bem e ninguem enjoe no caminho. A estrada para ele poderia ser longa, ou o destino logo chegar como uma hora da parada para comprar revistas, refrigerantes, brinquedos ou tomar um sorvete com frutas. Tudo anda bem por que se colocam obstáculos na cabeça quem a ela deixa vazia de bons presságios.
As contas vencerão, as notas não viram, as recompensas demorarão. Mas o presente é quem dará a maior alegria, porque a vida é momento.
Nada de mal pensou quando um telefone estranho lhe bateu. Nunca se pensa no pior quando ao telefone bate o desconhecido. Geralmente é o pior. Alguem tentando lhe enganar, completo de boas intenções; geralmente alguem lhe pedindo algo. Mas dessa vez não era pedido. Era uma ligação que mudaria, talvez, a sua vida. Uma ligação de sinal amarelo, mas muito podendo ser vermelho.
"Alô, O senhor conhece a senhora Maria Eutália" não que os dois fossem dignos e nem tivessem idades para serem chamados de senhores. Mas as etiquetas sociais e os vícios assim os classificavam. "Conheço, algum problema". "Senhor, preciso que compareça ao Hospital Das Graças, a situação de Maria Eutália não está nada boa".
Partiu rapidamente. No caminho, pensamentos de que passava-se apenas de um acidente no percurso, um buraco um pouco mais fundo.
Era 91.
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